segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Aumento do caudal do rio Zambeze força encerramento de Tete

A subida das águas do rio Zambeze forçou ao encerramento do centro de realojamento de Mutarara, na província de Tete, cidade do centro de Moçambique atingida pelas cheias. O porta-voz do Centro Nacional de Operações de Emergência (CENOE), Belarmino Chivambo, disse hoje à Agência Lusa que o nível das águas no vale do Zambeze «está a subir» e já obrigou à retirada de centenas de moçambicanos instalados no referido centro.

A subida das águas na albufeira da barragem de Cahora Bassa, provocada por chuvas intensas em países vizinhos (Malaui, Zimbabué e Zâmbia) levou à abertura progressiva das comportas do empreendimento, que debita já 8.000 metros cúbicos de água por segundo.

Como corolário, a baixa da cidade de Tete, no centro de Moçambique, junto ao leito do rio, também está ser afectada. Em 2007, quando se registaram as últimas cheias no vale do Zambeze, a barragem de Cahora Bassa chegou a lançar 8.400 metros cúbicos de água por segundo, valor muito próximo da capacidade máxima de descarga de 10.000 metros cúbicos por segundo.

Chivambo indicou que durante o fim-de-semana os níveis hidrométricos das bacias do centro do país, incluindo a do Zambeze, registaram «subidas substanciais» e «desde a manhã de domingo, as vilas de Machanga (em Sofala, centro), e Govuro (em Inhambane, sul) estão inacessíveis».
Há regiões onde as vias de acesso são difíceis obrigando ao recurso a embarcações e meios aéreos para o abastecimento de víveres, esclareceu.

As autoridades moçambicanas activaram 13 centros de acomodação em quatro províncias, onde estão temporariamente alojadas cerca de 11.500 famílias, número que tende a subir devido ao resgate compulsivo de pessoas das zonas mais afectadas levado a cabo por efectivos do exército.
«Em Nova Mambone (Inhambane), 209 pessoas foram resgatadas devido ao pico que começou no sábado», referiu o porta-voz do CENOE.

As zonas centro e sul de Moçambique estão a ser fustigadas por fortes chuvas desde Dezembro último e, segundo dados hoje actualizados, as cheias já provocaram «três mortos, 57 mil deslocados, alguns dos quais refugiados em países vizinhos, e destruíram aproximadamente 30 mil hectares de culturas diversas», disse Chivambo.

No entanto, algumas pessoas resgatadas de zonas de risco teimam em retornar às zonas de origem, alegando pretender aproveitar a época agrícola para relançar as culturas.
As autoridades moçambicanas mantêm o alerta vermelho emitido há três semanas e admitem que, nos próximos dias, a situação se complique sobretudo no vale do Zambeze.

Nos próximos dias, «o cenário que podemos viver poderá ser igual ao de 2001/2002 em termos de escoamento de água», embora se constate «com satisfação que eventualmente o número dos afectados seja menor em resultado da rápida mobilização das pessoas», disse Chivambo.

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