quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Instabilidade no Quénia transforma Moçambique em destino turístico mais apetecido de África

Moçambique é apontado como o próximo grande destino turístico de África, sobretudo quando a instabilidade no Quénia pode afectar as visitas a este país. A recuperação económica do País está finalmente a permitir aos turistas apreciarem os seus activos naturais: 1500 milhas de orla costeira tropical, águas quentes e azuis onde se destacam arquipélagos paradisíacos, como Bazaruto ou a ilha de Moçambique, património mundial da UNESCO e o parque natural da Gorongosa, em plena recuperação.

Subida das águas ameaça condicionar obras de ponte sobre o Zambeze

O agravamento previsto das cheias no centro de Moçambique ameaça condicionar as obras de construção da ponte sobre o rio Zambeze, a cargo do consórcio português Mota-Engil/ Soares da Costa, disse ontem o responsável pela empreitada.
De acordo com Nuno Henriques, as obras decorrem já com "algumas limitações" dado que o caudal do rio Zambeze tem subido gradualmente nos últimos dias, submergindo as terras mais baixas da região.
Há um ano, a subida das águas do Zambeze obrigou à paralisação das obras e chegou mesmo a ameaçar a submersão do próprio estaleiro de quatro hectares (cerca de quatro campos de futebol), protegido por um dique de terra com cerca de três metros de altura.
As cheias que afectaram então o Vale do Zambeze foram as piores desde 2001. "As obras recomeçaram segunda-feira e ainda não pararam, mas estão a decorrer com algumas limitações. Estamos com cheias que podem ser piores que as do ano passado, já que prevêem uma nova subida das águas do rio para os próximos dias", disse o engenheiro português.
Num balanço divulgado terça-feira, o Governo moçambicano anunciou que as cheias deste ano no centro do país - onde foi decretado o alerta vermelho - já provocaram três mortos, 41 mil deslocados e 17.800 hectares de culturas perdidas, mas descartou para já a possibilidade de Maputo lançar um apelo internacional de ajuda.
O estaleiro das obras da ponte sobre o Zambeze, que ligará Caia (província de Sofala) e Chimuara (Zambézia), com 2,5 quilómetros de comprimento e 16 metros de largura, dista cerca de quatro quilómetros das águas do rio.
O percurso entre o estaleiro e o ancoradouro de Caia, que assegura a travessia em batelões do trânsito automóvel, faz-se ainda sem constrangimentos, mas o cenário poderá mudar nos próximos dias, caso se confirmem as previsões de subida das águas do Zambeze. "A água está a 50 centímetros de chegar à estrada", relatou Nuno Henriques, referido que a travessia do rio "já se faz com alguma dificuldade" dado o aumento da corrente.
Tal como em 2007, a preocupação dos responsáveis pela construção da ponte sobre o Zambeze, a obra mais emblemática em curso em Moçambique, que permitirá ligar o Norte e o Sul do país por estrada, centra-se agora nas descargas efectuadas pela barragem de Cahora Bassa, que provocam a subida acelerada do caudal do rio.
Apesar de na zona de Caia não chover "há vários dias", de acordo com o engenheiro português, as chuvas que têm caído nos países vizinhos, nomeadamente a Zâmbia e o Malauí, têm provocado o aumento do caudal de alguns dos principais afluentes do Zambeze, obrigando a aberturas sucessivas das comportas da barragem de Cahora Bassa.
Há um ano, elevadas descargas efectuadas pela barragem afectaram 285 mil pessoas, 107 mil das quais foram transferidas para centros de acomodação temporários montados em locais elevados ao longo do Vale do Zambeze.
A situação levou então as autoridades moçambicanas a colocar a zona abrangida pelo curso do rio - desde Zumbo, na fronteira com o Zimbabué, até Marromeu, distrito onde o rio desagua no Oceano Índico - em alerta vermelho e a aconselharem as populações a deslocarem-se para zonas mais elevadas.
Desde o princípio da noite de domingo, a barragem de Cahora Bassa aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Mau tempo provoca deslocados e destrói África Austral

As chuvas inusitadas que têm assolado Moçambique nos últimos dias estão também a afectar outros países vizinhos, sobretudo a Zâmbia e Zimbabué, onde provocam milhares de deslocados e destroem as fracas colheitas.
Apesar de as inundações serem frequentes na região da África Austral, com maior incidência na bacia do rio Zambeze, este ano a época das chuvas começou mais cedo, afectando fortemente Moçambique, Zâmbia e Zimbabué, mas também o Malawi e Madagáscar.
Segundo as previsões meteorológicas para os próximos cinco dias, a chuva vai continuar a cair com intensidade na maioria dos países da África Austral, à excepção da África do Sul, Lesoto e Namíbia, onde o céu estará, paradoxalmente, limpo.
As imagens por satélite disponibilizadas pela BBC e pela CNN mostram uma "nuvem negra" sobre toda a região centro da África Austral, que se prolonga desde a costa atlântica africana até Madagáscar.
Segundo a UNICEF, em Moçambique, que está em alerta máximo de cheias desde a semana passada, as inundações no centro do país já afectaram cerca de 56 mil pessoas, das quais 13 mil estão desalojadas, estando já em curso acções de ajuda para fazer face à situação.
Normalmente, as chuvas torrenciais só assolam Moçambique e os países vizinhos a partir de meados de Fevereiro, mas a água que tem caído desde o final do ano passado já fez transbordar os rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save, no centro do país.
Segundo a Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações, situação que irá agravar também mais países da África Austral.
No Zimbabué, em particular no Norte, as fortes chuvas já provocaram mais de 3.000 desalojados e afectaram outros 5.000 habitantes, residentes nas zonas ao longo da fronteira com Moçambique, no sudeste do país.
Na Zâmbia, o cenário é menos dramático, embora as cheias provocadas pelas chuvas torrenciais tenham afectado entre 500 a 800 pessoas em diversas regiões do sul, levando as autoridades de Lusaca a decretar o alerta vermelho em 34 dos 72 distritos do país. "A nossa preocupação está centrada na resposta de emergência para fazer face às chuvas torrenciais, que este ano chegaram mais cedo", afirmou Kelly David, director do Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas para a África Austral.
Em 2007, estima-se que 285.000 pessoas foram afectadas pelas cheias ao longo do vale do rio Zambeze. Nesse ano, à medida que os níveis crescentes das águas causados pelas chuvas torrenciais inundava as áreas baixas, cerca de 100.000 pessoas encontraram abrigo nos centros temporários de acomodação.
Em 2000, as cheias no sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram dois milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.

Moçambique, meca de safaris e mergulho

Moçambique, que já tinha sido apontado pela “Lonely Planet” como um dos destinos promissores para este ano, é agora o nº 1 do ranking elaborado pelo site www.concierge.com, associado da Condé Nast Traveler’s, que destaca que em 15 anos o país passou de uma guerra civil a meca dos safaris e mergulho, bem como a sua “capital vibrante”.

St. Lucia, Montenegro, Equador, Sicília, San Diego (EUA), ilha de Hainan (China), Oman, Puerto Escondido e a costa de Oaxacan (México) e Paris são os outros destinos que o concierge.com elegeu para o seu “The 2008 It List”, um Top10 de viagens “imperdíveis” para este ano.
Os dez destinos incluídos na lista têm alguns denominadores comuns, designadamente “uma nova colheita de hotéis”, “preservação e protecção dos seus atractivos naturais” e um carisma com “substância que chega para fazer com que a viagem valha a pena” — destaca o www.concierge.
O editor em chefe do site, Peter J. Frank, destaca ainda, na apresentação da “It List”, que os destinos incluídos na edição deste ano passaram por transformações e dá precisamente como exemplo Moçambique.
O país, que há 15 anos vivia “uma sangrenta guerra civil”, “desabrochou numa meca dos safaris e mergulho, com uma capital vibrante”.
A evolução da Sicília para um “hot spot” da gastronomia e destino de moda em hotéis boutique e, até Paris, com a ênfase na arte e design contemporâneos” são outros exemplos apontados de destinos que estão a atravessar grandes transformações, enquanto Oman e a ilha de Hainan são indicados como novidades.
Em Moçambique o www.concierge.com destaca as 1.500 milhas de costa e arquipélagos “maravilhosos” no Índico, “soberbos” para mergulho e com praias “voluptuosas”, a segurança e dinamismo de Maputo, designadamente a sua “cena” de afro-jazz e a vida nocturna, os parques nacionais que progressivamente estão a recuperar a vida selvagem para os níveis pré-guerra.
O texto aponta também alguns resorts no arquipélago das Quirimbas, um safari no parque da Gorongosa, o Hotel Polana em Maputo, como boa base para explorar o passado e presente da capital, os bares portugueses com “fantástica música ao vivo”.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

ONU prevê agravamento de situação humanitária e promete apoios

ONU prevê agravamento situação humanitária e promete apoiosAs Nações Unidas prevêem um agravamento da situação humanitária nas regiões afectadas pelas cheias em Moçambique, Zâmbia e Zimbabué, e afirma que está a tomar medidas em conjunto com os governos dos países afectados para enfrentar a situação.
"Os governos e as organizações humanitárias internacionais estão a intensificar os seus esforços para garantir uma resposta rápida e salvar vidas" nas regiões afectadas pelas cheias, afirmou hoje John Holmes, sub-secretário da ONU Coordenador para os Assuntos Humanitários e da Ajuda de Emergência.
"Muitos dos afectados estão ainda a lutar para recuperar das cheias e ciclones do ano passado. Por esta razão, e tendo em vista a longa época das chuvas que se aproxima, as necessidades humanitárias na região deverão aumentar nas próximas semanas. Temos de continuar a apoiar os governos a responder ao impacto destes desastres naturais", afirma Holmes, em comunicado hoje divulgado pela ONU em Nova Iorque.
A ONU lembra os números já esta manhã divulgados pela UNICEF, que apontam para perto de 56 mil pessoas afectadas, das quais 13 mil das desalojadas, devido às cheias no centro de Moçambique. Em Moçambique, as maiores subidas no nível das águas registam-se nos rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save, no centro do país.
A situação já levou o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique a declarar o nível máximo de alerta no centro do país, estando no terreno a UNICEF, a Cruz Vermelha e diversas outras organizações não-governamentais. "A comunidade humanitária está pronta a apoiar o governo na resposta em curso", afirmou também o coordenador residente da ONU em Moçambique, Ndolamb Ngokwey.
"Nos passados meses, temos estado a trabalhar de perto com as autoridades nacionais para pôr em marcha planos de contingência que assegurem que as necessidades dos afectados pelas cheias são providas de forma expedita", refere o mesmo responsável na mesma nota divulgada pelos serviços de informação da ONU.
Chris McIvor, director da ONG britância Save the Children alertou hoje para a insegurança alimentar que se vive em diversas zonas - nomeadamente nos distritos de Mopeia e Morrumbala, Província da Zambézia - afirmando que "as pessoas afectadas vão continuar vulneráveis até à próxima colheita em Março-Abril".
A UNICEF afirma ter já deslocado especialistas para o terreno, que actualmente se encontram na província de Sofala e nos próximos dias irão a Tete e Manica. A missão destes especialistas é "identificar as necessidades mais urgentes das crianças e das suas famílias" nas zonas afectadas, em termos de alimentação, segurança, saúde, higiene e educação, segundo o comunicado hoje divulgado.
Além disso, está a ser preparada a distribuição de auxílio de emergência, nomeadamente cantis de água potável e equipamento de purificação de água, material de higiene e saneamento, redes mosquiteiras de longa duração, tendas e materiais educacionais em grandes quantidades. Segundo a Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações e o INGC anunciou hoje, em comunicado, que "até ao momento, mais de 300 pessoas foram resgatadas, mas outras cinco mil pessoas continuam em risco de vida nas cinco zonas da foz do Zambeze".
Numa altura de subida dos níveis das águas dos principais rios do centro do país, desde o princípio da noite de domingo a HCB aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo, enquanto o Zimbabué, Malaui e a Zâmbia continuam a ser fustigadas por chuvas torrenciais, cujas águas são encaminhadas para rios moçambicanos.
Em 2000, as cheias no Sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram dois milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.

Exportações de carvão através do Porto da Matola caíram um terço em 2007

As exportações de carvão no porto moçambicano da Matola diminuiram mais de um terço em 2007, devido à concorrência do terminal sul-africano de Richards Bay, mas deverão recuperar este ano, anunciou a Grindrod, empresa gestora da infra-estrutura.
De acordo com dados hoje divulgados pelo grupo sul-africano de navegação e logística, as exportações de carvão no porto dos arredores de Maputo baixaram de 1,1 milhões de toneladas em 2006 para 724 mil toneladas no ano passado, menos 34 por cento. "O mercado começou a contrair-se ao mesmo tempo que Richards Bay aumentou de capacidade" de processamento de carvão, refere a empresa em nota hoje divulgada, em que também são apontadas como causa do declínio as tarifas de 14 por cento praticadas pela transportadora ferroviária sul-africana Transnet.
Este ano, a expectativa da Grindrod é duplicar o volume de carvão processado, para 1,5 milhões de toneladas, devido à melhoria das condições de transporte ferroviário e de manuseamento da matéria-prima na Matola.
Na semana passada, a Grindrod anunciou uma parceria com o grupo internacional Dubai Ports World (DPW), que inclui colaboração no porto da Matola. Grindrod e DPW controlam cada um 48,5 por cento da Portus Indico, empresa que gere a infra-estrutura da Matola, cabendo os restantes 3 por cento a um accionista moçambicano.

Cheias afectam 56 mil pessoas

Treze mil foram desalojadas pelas cheias no centro do país, anunciou hoje a UNICEF. "As cheias atingiram algumas das comunidades mais pobres e vulneráveis, portanto a nossa principal prioridade é melhorar as condições de vida das pessoas que foram deslocadas - metade das quais são crianças", afirma Leila Pakkala, chefe da delegação moçambicana do Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF, na sigla em língua inglesa), em comunicado hoje divulgado em Maputo.
Leila Pakkala adianta que a situação, que já levou o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e Moçambique a declarar o nível máximo de alerta no centro do país, está a ser acompanhada de perto pela UNICEF, em conjunto com a Cruz Vermelha e outras organizações não-governamentais. As maiores subidas no nível das águas registam-se nos rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save, no centro do país.
A UNICEF afirma ter já deslocado especialistas para o terreno, que actualmente se encontram na província de Sofala e nos próximos dias irão a Tete e Manica. A missão destes especialistas é "identificar as necessidades mais urgentes das crianças e das suas famílias" nas zonas afectadas, segundo o comunicado hoje divulgado. Além disso, está a ser preparada a distribuição de auxílio de emergência, nomeadamente cantis de água potável e equipamento de purificação de água, material de higiene e saneamento, redes mosquiteiras de longa duração, tendas e materiais educacionais em grandes quantidades.
Desde o princípio da noite de domingo, a HCB aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo, enquanto o Zimbabué, Malaui e a Zâmbia continuam a ser fustigadas por chuvas torrenciais, cujas águas são encaminhadas para rios moçambicanos. Segundo a Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações e o INGC anunciou hoje, em comunicado, que "até ao momento, mais de 300 pessoas foram resgatadas, mas outras cinco mil pessoas continuam em risco de vida nas cinco zonas da foz do Zambeze".
A directora da ARA-Zambeze, Cacilda Machava, descreveu hoje à Lusa como "crítica" a situação que se vive naquela região, mas assegurou que as autoridades estão a fazer a devida monitorização. O Governo moçambicano estimou em 20,4 milhões de euros o valor necessário para um plano de emergência para acudir os afectados pelas cheias e ciclones que poderão ocorrer entre os meses de Janeiro e Março deste ano.
No seu comunicado, a UNICEF recorda que as "cheias localizadas são comuns em Moçambique durante a estação chuvosa na África Austral, de Novembro a Março". "No ano passado, um número estimado de 285.000 pessoas foram afectadas pelas cheias ao longo do vale do rio Zambeze.
À medida que os níveis crescentes das águas causados pelas chuvas torrenciais inundava as áreas baixas, cerca de 100.000 pessoas encontraram abrigo nos centros temporários de acomodação", acrescenta. Em 2000, as cheias no sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram 2 milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.

Prevêem-se as piores cheias de sempre em Moçambique

Moçambique poderá registar este ano as piores cheias de que há memória, devido às chuvas contínuas nos países vizinhos e descargas de 6.000 metros cúbicos por segundo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), admitiram hoje as autoridades moçambicanas.

Desde o princípio da noite de domingo, a HCB aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo, enquanto o Zimbabué, Malaui e a Zâmbia continuam a ser fustigadas por chuvas torrenciais, cujas águas são encaminhadas para rios moçambicanos.

Os principais afluentes dos rios Luenha, Revúbuè e Chire, no baixo do Vale do Zambeze, centro de Moçambique, já estão com níveis muito elevados, o que concorrerá para o agravamento da situação das cheias no país.

Segundo estimativas da Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações, que poderão ser mais graves do que as registadas em 2000, consideradas as piores na história do país.

Em 2000, as cheias no sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram 2 milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.
A directora da ARA-Zambeze, Cacilda Machava, descreveu hoje à Lusa como «crítica» a situação que se vive naquela região, mas assegurou que as autoridades estão a fazer a devida monitorização.

«Isto está a trazer alguma complicação no baixo do Zambeze. A situação está crítica», referiu, frisando, contudo, que as autoridades estão a acompanhar a situação e a apelar para que a população abandone as zonas de risco.
«Estamos a monitorar a situação, mas não podemos avançar muitas coisas porque estamos a trabalhar com base em previsões. O ano hidrológico indica que, até Março, haja chuvas acima do normal, com tendência para normal», disse.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) previu, anteriormente, a ocorrência de três cenários para os próximos meses: o pior, que poderá atingir um milhão de pessoas em toda a zona centro do país e parte da região sul, o médio, afectando um máximo de 700 mil pessoas, e o ideal, aliás, um cenário que se repete todos os anos, que eventualmente atingirá 50 mil moçambicanos.
O Governo moçambicano estimou, por isso, em 20,4 milhões de euros o valor necessário para um plano de emergência para acudir os afectados pelas cheias e ciclones que poderão ocorrer entre os meses de Janeiro e Março deste ano.

O INGC pretende que, até 15 de Janeiro, sejam retiradas todas as pessoas que se encontram nas zonas de risco, tendo, para o efeito, intensificado operações de busca e salvamento com embarcações, e prevê mobilizar meios aéreos para resgate da população do vale do Zambeze.

«Até ao momento, mais de 300 pessoas foram resgatadas, mas outras cinco mil pessoas continuam em risco de vida nas cinco zonas da foz do Zambeze», frisou o INGC em comunicado enviado à Agência Lusa.

O Boletim Hidrológico prevê que, proximamente, os níveis hidrométricos no Baixo Zambeze continuem a baixar ligeiramente, enquanto em Zumbo e Aruângua, os níveis tendem a aumentar, devido a chuvas a montante.

Dados preliminares hoje divulgados pelo INGC indicam que «nas bacias do Búzi e Save, prevê-se a continuação da redução significativa do volume de escoamentos, resultando na melhoria da situação hidrológica nas vilas de Búzi, Nova Mambone e Machanga, respectivamente».

No rio Púnguè, em Mafambisse, província de Sofala, centro, «o nível hidrométrico manter-se-á alto, mas com tendência a baixar», contudo, a «situação hidrológica das restantes bacias hidrográficas continuará estável», acrescenta num comunicado enviado à Lusa.

O director do INGC, Paulo Zucula, reconheceu ao jornal Notícias de Maputo que em alguns distritos afectados pelas cheias as operações de resgate estão a ser dificultadas pelo facto de os respectivos governos distritais não terem elaborado os planos de evacuação.

Zucula admitiu que há pessoas que ainda estão cercadas de água nas zonas de difícil acesso.
«Há situações em que não se conseguem identificar as pessoas sitiadas e nos próximos quatro a cinco dias vamos entrar na fase mais crítica no Zambeze, tendo já começado a entrar muita água», afirmou.

A organização não-governamental britânica Oxfam Internacional alertou hoje para o registo de «uma crise de saúde pública generalizada» e enviou uma equipa de emergência para as zonas atingidas pelas inundações para avaliar as necessidades humanitárias das 55 mil pessoas afectadas pela subida do nível das águas.

«Quando se gera uma inundação, a falta de água e saneamento atinge níveis críticos em apenas alguns dias, ou mesmo horas. Com a continuação da subida do nível das águas, o acesso a estes bens será cada vez mais difícil, o que pode originar uma crise de saúde pública generalizada», alertou em comunicado o coordenador de água e saneamento da Oxfam Internacional em Moçambique, Hugo Oosterkamp.

«Como especialista em água e saneamento, a prioridade da Oxfam Internacional será acudir aos centros de evacuação onde as pessoas procuram refúgio. Nestas circunstâncias deve responder-se de imediato à ameaça de diarreia, malária e cólera», acrescentou.
Fonte:Diário Digital

PIB cresceu 7,5 por vento no terceiro trimestre de 2007

O produto interno bruto (PIB) de Moçambique registou um crescimento de 7,5 por cento no terceiro trimestre de 2007, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo jornal Notícias, de Maputo.
O crescimento do PIB derivou do desempenho dos sectores de construção (54,1 por cento), serviços financeiros (21,6), administração pública (16,5), transportes e comunicações (12,9) e agricultura (9,9 por cento).
Ainda de acordo com o INE, o Índice de Preços no Consumidor da cidade de Maputo, indicador oficial da inflação em Moçambique, cresceu em 1,88 por cento em Novembro, o que contribuiu para que a inflação anual se situasse até ao momento em 9,51 por cento, após 9,04 por cento no mês anterior (Outubro).
O comportamento dos preços dos bens alimentares foi determinante para a inflação mensal, com destaque para a contribuição dos preços do pão (0,36 pontos percentuais), carapau (0,33), tomate (0,25), e frango vivo (0,17), coco (0,1). Do grupo dos bens não-alimentares, o aumento do preço do petróleo de iluminação contribui em 0,06 pontos percentuais.

Algodão de primeira qualidade proporcionou receitas de 387 milhões de meticais

Os produtores de algodão de Moçambique ganharam 386,9 milhões de meticais (cerca de 16,1 milhões de dólares) com a venda de algodão de primeira qualidade em 2007, informou sábado em Maputo o Instituto do Algodão.De acordo com o instituto, o algodão de primeira qualidade representa cerca de 80 por cento da colheita vendida em Moçambique.
O instituto indicou ainda que o preço mínimo foi de 5,3 meticais (22 cêntimos do dólar) embora alguns dos produtores, organizados em associações, tenham conseguido um prémio de 7 a 13 por cento nas suas negociações com as empresas compradoras.
O Instituto do Algodão informou também que a exportação de 27 mil toneladas deverá ter rendido 27 milhões de dólares, havendo mais 19.673 toneladas de algodão que deverão ser exportadas no primeiro trimestre deste ano.

Receitas fiscais ultrapassaram previsão para 2007

As receitas fiscais arrecadadas em 2007 ultrapassaram a previsão de 33,3 mil milhões de meticais, afirmou recentemente em Maputo o presidente da Autoridade Tributária de Moçambique, Rosário Fernandes.
Citado pela Rádio Moçambique, Rosário Fernandes afirmou que o resultado alcançado constitui algo inesperado, uma vez que a previsão de 33,3 mil milhões de meticais supera em mais de 18 por cento o volume de receitas fiscais alcançado em 2006.
No decurso da cerimónia de celebração do primeiro aniversário da Autoridade Tributária de Moçambique, o seu presidente apontou o crescimento das receitas derivadas das taxas dos serviços prestados, o aumento da receita proveniente da taxa liberatória das zonas francas e do Imposto de Rendimento sobre as Pessoas Colectivas como alguns dos factores que contribuíram para a superação das receitas cobradas em 2007.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Professora leva livros infantis a Maputo

O projecto “Ao sabor dos livros”, resultante de uma parceria entre a Universidade dos Açores e a Associação de Portugueses no Estrangeiro, permitiu que fossem entregues a duas bibliotecas de Moçambique 1500 livros infantis.

Dinamizado por Graça Castanho, professora da Universidade dos Açores, o projecto “Ao sabor dos livros” tem como missão criar uma secção de literatura infanto-juvenil na Biblioteca Nacional de Moçambique e na Biblioteca da Universidade Pedagógica, de modo a proporcionar aos mais jovens e professores textos diversificados que ajudem no desenvolvimento de competências, bem como do gosto pela leitura, contribuindo para uma sociedade cada vez mais informada.
A docente especialista em Metodologia do Ensino do Português como língua materna e língua estrangeira deslocou-se a Maputo para participar nas cerimónias de entrega de livros e promover uma acção de formação para docentes universitários e bibliotecários, nas áreas da dinamização da leitura e da escrita para crianças.
Da formação, com 32 participantes, saiu um grupo de trabalho que tem agora a responsabilidade de escrever e ilustrar textos de literatura infanto-juvenil, com temáticas moçambicanas, que serão publicados e distribuídos pelas escolas públicas no próximo ano lectivo.
Durante a realização de um trabalho de investigação efectuado em Moçambique (em 2006), no âmbito do pós-doutoramento realizado na Harvard University (EUA), Graça Castanho concluiu que, em Moçambique, a literatura infanto-juvenil está ausente nas escolas públicas e no lar da quase totalidade das crianças moçambicanas em idade escolar.
Por essa razão, Graça Castanho espera que “o lote de 1500 livros oferecidos à Biblioteca Nacional de Moçambique e à Biblioteca da Universidade Pedagógica proporcionem a estas instituições a implementação de novas dinâmicas de leitura e projectos junto das populações mais jovens, bem como contribuam para a qualidade do ensino, trazendo ao mesmo tempo muitas alegrias e conhecimentos aos seus leitores mais directos: crianças, adolescentes e professores”.Como ressalvou a docente, “com o projecto, não é nossa intenção impor leituras ou promover autores portugueses”.
O espólio oferecido integra traduções de autores estrangeiros, entre contos tradicionais, clássicos, literatura contemporânea, banda desenhada, poesia, textos dramáticos, livros informativos, enciclopédias e dicionários ilustrados. “Queremos que os professores e alunos percebam a importância dos livros nas suas vidas e se motivem para práticas de escrita de textos culturalmente relevantes para as crianças moçambicanas”, adiantou Graça Castanho.
Em Junho, a docente desloca-se de novo a Maputo para acompanhar o projecto no terreno.

Morte de três pessoas por afogamento - Ou Vaquina (não) sabe do que fala ou vive numa Sofala diferente

O Governo provincial de Sofala insistiu hoje que três pessoas morreram por afogamento no centro de Moçambique na sequência das cheias, mas o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) nega ter registo de mortes causadas directamente pelas inundações. Em declarações hoje prestadas, o governador da província de Sofala, Alberto Vaquina, reafirmou que duas crianças morreram por afogamento, enquanto um terceiro jovem foi arrastado pelas águas no distrito de Nhamatanda, quando tentava recuperar seus haveres.
Vaquina admitiu, contudo, a hipótese de “haver problema de notificação” destas mortes da parte do INGC que defende, até ao momento, não ter conhecimento da ocorrência de nenhuma morte directa causada pelas cheias. Mais de 55 mil pessoas foram já atingidas pelas inundações que têm fustigado Moçambique desde Dezembro último em consequência da contínua queda das chuvas nos países vizinhos e descargas periódicas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, no centro do país.
A zona centro do território moçambicano é a que mais sofre os efeitos das cheias, onde mais de 20 mil hectares de culturas são dados como perdidos. As autoridades moçambicanas destacaram hoje uma equipa do executivo central, liderada pelo ministro da Educação e Cultura de Moçambique, Aires Aly, para dar assistência aos governos provinciais das regiões de Moçambique já em alerta vermelho devido às cheias.
A equipa de Aly, que, na qualidade de membro do Conselho Coordenador de Gestão de Calamidades, se deslocou à Nova Mambone, vila de Inhambane, no Sul do país, também afectada pelas cheias que assolam sobretudo o Centro e Norte, pretende igualmente analisar a resposta dada pelas autoridades locais, bem como capacitá-las para ultrapassarem o problema das cheias.
Vaquina visitou, também hoje, uma das três zonas onde se localizam as bacias hidrográficas dos rios que passam pela província de Sofala, tendo constatado que os rios Púnguè, Buzi e Save registaram uma ligeira descida das águas.
Em declarações à Lusa, disse, no entanto, que a bacia do Zambeze é a que continua a registar uma subida do nível das águas, facto que concorre para o agravamento da situação inundações em muitas zonas do centro de Moçambique. “O que nos preocupa é que a montante dos nossos rios está a chover e o rio Zambeze, especialmente nos distritos de Marromeu e Caia, os níveis das águas estão a subir”, apontou.
O Boletim Hidrológico da Administração Nacional de Águas de Moçambique, hoje divulgado, dá conta de que as regiões atingidas poderão continuar submersas nos próximos dias, devido à contínua queda de chuvas nos países vizinhos Zimbabué, Zâmbia e Malaui e às descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
As autoridades moçambicanas mantêm o alerta vermelho activado quinta-feira e o Centro Nacional Operacional de Emergência (CNOE) accionado para coordenar operações de socorro e retirada compulsiva de populações em risco. O alerta vermelho visa permitir que os parceiros de cooperação revejam os seus planos para a assistência humanitária.
Contudo, as autoridades moçambicanas afastam, para já, a hipótese de lançar um apelo internacional. Alguns administradores distritais das zonas afectadas asseguraram hoje à Lusa que as populações estão a receber mantimentos enquanto aguardam o realojamento das populações às zonas seguras de habitação anteriormente indicadas aquando das cheias de há um ano.
A grande preocupação das autoridades distritais continua, no entanto, a ser a retirada de pessoas das zonas ribeirinhas, consideradas de risco, e a procura de lotes de terrenos para colocar as centenas de crianças que deverão regressar às aulas em breve.