Treze mil foram desalojadas pelas cheias no centro do país, anunciou hoje a UNICEF. "As cheias atingiram algumas das comunidades mais pobres e vulneráveis, portanto a nossa principal prioridade é melhorar as condições de vida das pessoas que foram deslocadas - metade das quais são crianças", afirma Leila Pakkala, chefe da delegação moçambicana do Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF, na sigla em língua inglesa), em comunicado hoje divulgado em Maputo.
Leila Pakkala adianta que a situação, que já levou o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e Moçambique a declarar o nível máximo de alerta no centro do país, está a ser acompanhada de perto pela UNICEF, em conjunto com a Cruz Vermelha e outras organizações não-governamentais. As maiores subidas no nível das águas registam-se nos rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save, no centro do país.
A UNICEF afirma ter já deslocado especialistas para o terreno, que actualmente se encontram na província de Sofala e nos próximos dias irão a Tete e Manica. A missão destes especialistas é "identificar as necessidades mais urgentes das crianças e das suas famílias" nas zonas afectadas, segundo o comunicado hoje divulgado. Além disso, está a ser preparada a distribuição de auxílio de emergência, nomeadamente cantis de água potável e equipamento de purificação de água, material de higiene e saneamento, redes mosquiteiras de longa duração, tendas e materiais educacionais em grandes quantidades.
Desde o princípio da noite de domingo, a HCB aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo, enquanto o Zimbabué, Malaui e a Zâmbia continuam a ser fustigadas por chuvas torrenciais, cujas águas são encaminhadas para rios moçambicanos. Segundo a Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações e o INGC anunciou hoje, em comunicado, que "até ao momento, mais de 300 pessoas foram resgatadas, mas outras cinco mil pessoas continuam em risco de vida nas cinco zonas da foz do Zambeze".
A directora da ARA-Zambeze, Cacilda Machava, descreveu hoje à Lusa como "crítica" a situação que se vive naquela região, mas assegurou que as autoridades estão a fazer a devida monitorização. O Governo moçambicano estimou em 20,4 milhões de euros o valor necessário para um plano de emergência para acudir os afectados pelas cheias e ciclones que poderão ocorrer entre os meses de Janeiro e Março deste ano.
No seu comunicado, a UNICEF recorda que as "cheias localizadas são comuns em Moçambique durante a estação chuvosa na África Austral, de Novembro a Março". "No ano passado, um número estimado de 285.000 pessoas foram afectadas pelas cheias ao longo do vale do rio Zambeze.
À medida que os níveis crescentes das águas causados pelas chuvas torrenciais inundava as áreas baixas, cerca de 100.000 pessoas encontraram abrigo nos centros temporários de acomodação", acrescenta. Em 2000, as cheias no sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram 2 milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.
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