domingo, 6 de janeiro de 2008

Morte de três pessoas por afogamento - Ou Vaquina (não) sabe do que fala ou vive numa Sofala diferente

O Governo provincial de Sofala insistiu hoje que três pessoas morreram por afogamento no centro de Moçambique na sequência das cheias, mas o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) nega ter registo de mortes causadas directamente pelas inundações. Em declarações hoje prestadas, o governador da província de Sofala, Alberto Vaquina, reafirmou que duas crianças morreram por afogamento, enquanto um terceiro jovem foi arrastado pelas águas no distrito de Nhamatanda, quando tentava recuperar seus haveres.
Vaquina admitiu, contudo, a hipótese de “haver problema de notificação” destas mortes da parte do INGC que defende, até ao momento, não ter conhecimento da ocorrência de nenhuma morte directa causada pelas cheias. Mais de 55 mil pessoas foram já atingidas pelas inundações que têm fustigado Moçambique desde Dezembro último em consequência da contínua queda das chuvas nos países vizinhos e descargas periódicas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, no centro do país.
A zona centro do território moçambicano é a que mais sofre os efeitos das cheias, onde mais de 20 mil hectares de culturas são dados como perdidos. As autoridades moçambicanas destacaram hoje uma equipa do executivo central, liderada pelo ministro da Educação e Cultura de Moçambique, Aires Aly, para dar assistência aos governos provinciais das regiões de Moçambique já em alerta vermelho devido às cheias.
A equipa de Aly, que, na qualidade de membro do Conselho Coordenador de Gestão de Calamidades, se deslocou à Nova Mambone, vila de Inhambane, no Sul do país, também afectada pelas cheias que assolam sobretudo o Centro e Norte, pretende igualmente analisar a resposta dada pelas autoridades locais, bem como capacitá-las para ultrapassarem o problema das cheias.
Vaquina visitou, também hoje, uma das três zonas onde se localizam as bacias hidrográficas dos rios que passam pela província de Sofala, tendo constatado que os rios Púnguè, Buzi e Save registaram uma ligeira descida das águas.
Em declarações à Lusa, disse, no entanto, que a bacia do Zambeze é a que continua a registar uma subida do nível das águas, facto que concorre para o agravamento da situação inundações em muitas zonas do centro de Moçambique. “O que nos preocupa é que a montante dos nossos rios está a chover e o rio Zambeze, especialmente nos distritos de Marromeu e Caia, os níveis das águas estão a subir”, apontou.
O Boletim Hidrológico da Administração Nacional de Águas de Moçambique, hoje divulgado, dá conta de que as regiões atingidas poderão continuar submersas nos próximos dias, devido à contínua queda de chuvas nos países vizinhos Zimbabué, Zâmbia e Malaui e às descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
As autoridades moçambicanas mantêm o alerta vermelho activado quinta-feira e o Centro Nacional Operacional de Emergência (CNOE) accionado para coordenar operações de socorro e retirada compulsiva de populações em risco. O alerta vermelho visa permitir que os parceiros de cooperação revejam os seus planos para a assistência humanitária.
Contudo, as autoridades moçambicanas afastam, para já, a hipótese de lançar um apelo internacional. Alguns administradores distritais das zonas afectadas asseguraram hoje à Lusa que as populações estão a receber mantimentos enquanto aguardam o realojamento das populações às zonas seguras de habitação anteriormente indicadas aquando das cheias de há um ano.
A grande preocupação das autoridades distritais continua, no entanto, a ser a retirada de pessoas das zonas ribeirinhas, consideradas de risco, e a procura de lotes de terrenos para colocar as centenas de crianças que deverão regressar às aulas em breve.

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