segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

ONU prevê agravamento de situação humanitária e promete apoios

ONU prevê agravamento situação humanitária e promete apoiosAs Nações Unidas prevêem um agravamento da situação humanitária nas regiões afectadas pelas cheias em Moçambique, Zâmbia e Zimbabué, e afirma que está a tomar medidas em conjunto com os governos dos países afectados para enfrentar a situação.
"Os governos e as organizações humanitárias internacionais estão a intensificar os seus esforços para garantir uma resposta rápida e salvar vidas" nas regiões afectadas pelas cheias, afirmou hoje John Holmes, sub-secretário da ONU Coordenador para os Assuntos Humanitários e da Ajuda de Emergência.
"Muitos dos afectados estão ainda a lutar para recuperar das cheias e ciclones do ano passado. Por esta razão, e tendo em vista a longa época das chuvas que se aproxima, as necessidades humanitárias na região deverão aumentar nas próximas semanas. Temos de continuar a apoiar os governos a responder ao impacto destes desastres naturais", afirma Holmes, em comunicado hoje divulgado pela ONU em Nova Iorque.
A ONU lembra os números já esta manhã divulgados pela UNICEF, que apontam para perto de 56 mil pessoas afectadas, das quais 13 mil das desalojadas, devido às cheias no centro de Moçambique. Em Moçambique, as maiores subidas no nível das águas registam-se nos rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save, no centro do país.
A situação já levou o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique a declarar o nível máximo de alerta no centro do país, estando no terreno a UNICEF, a Cruz Vermelha e diversas outras organizações não-governamentais. "A comunidade humanitária está pronta a apoiar o governo na resposta em curso", afirmou também o coordenador residente da ONU em Moçambique, Ndolamb Ngokwey.
"Nos passados meses, temos estado a trabalhar de perto com as autoridades nacionais para pôr em marcha planos de contingência que assegurem que as necessidades dos afectados pelas cheias são providas de forma expedita", refere o mesmo responsável na mesma nota divulgada pelos serviços de informação da ONU.
Chris McIvor, director da ONG britância Save the Children alertou hoje para a insegurança alimentar que se vive em diversas zonas - nomeadamente nos distritos de Mopeia e Morrumbala, Província da Zambézia - afirmando que "as pessoas afectadas vão continuar vulneráveis até à próxima colheita em Março-Abril".
A UNICEF afirma ter já deslocado especialistas para o terreno, que actualmente se encontram na província de Sofala e nos próximos dias irão a Tete e Manica. A missão destes especialistas é "identificar as necessidades mais urgentes das crianças e das suas famílias" nas zonas afectadas, em termos de alimentação, segurança, saúde, higiene e educação, segundo o comunicado hoje divulgado.
Além disso, está a ser preparada a distribuição de auxílio de emergência, nomeadamente cantis de água potável e equipamento de purificação de água, material de higiene e saneamento, redes mosquiteiras de longa duração, tendas e materiais educacionais em grandes quantidades. Segundo a Administração Regional de Águas (ARA-Zambeze), a região centro de Moçambique deverá atingir, ao longo desta semana, a fase mais crítica das inundações e o INGC anunciou hoje, em comunicado, que "até ao momento, mais de 300 pessoas foram resgatadas, mas outras cinco mil pessoas continuam em risco de vida nas cinco zonas da foz do Zambeze".
Numa altura de subida dos níveis das águas dos principais rios do centro do país, desde o princípio da noite de domingo a HCB aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo, enquanto o Zimbabué, Malaui e a Zâmbia continuam a ser fustigadas por chuvas torrenciais, cujas águas são encaminhadas para rios moçambicanos.
Em 2000, as cheias no Sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afectaram dois milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.

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