O agravamento previsto das cheias no centro de Moçambique ameaça condicionar as obras de construção da ponte sobre o rio Zambeze, a cargo do consórcio português Mota-Engil/ Soares da Costa, disse ontem o responsável pela empreitada.
De acordo com Nuno Henriques, as obras decorrem já com "algumas limitações" dado que o caudal do rio Zambeze tem subido gradualmente nos últimos dias, submergindo as terras mais baixas da região.
Há um ano, a subida das águas do Zambeze obrigou à paralisação das obras e chegou mesmo a ameaçar a submersão do próprio estaleiro de quatro hectares (cerca de quatro campos de futebol), protegido por um dique de terra com cerca de três metros de altura.
As cheias que afectaram então o Vale do Zambeze foram as piores desde 2001. "As obras recomeçaram segunda-feira e ainda não pararam, mas estão a decorrer com algumas limitações. Estamos com cheias que podem ser piores que as do ano passado, já que prevêem uma nova subida das águas do rio para os próximos dias", disse o engenheiro português.
Num balanço divulgado terça-feira, o Governo moçambicano anunciou que as cheias deste ano no centro do país - onde foi decretado o alerta vermelho - já provocaram três mortos, 41 mil deslocados e 17.800 hectares de culturas perdidas, mas descartou para já a possibilidade de Maputo lançar um apelo internacional de ajuda.
O estaleiro das obras da ponte sobre o Zambeze, que ligará Caia (província de Sofala) e Chimuara (Zambézia), com 2,5 quilómetros de comprimento e 16 metros de largura, dista cerca de quatro quilómetros das águas do rio.
O percurso entre o estaleiro e o ancoradouro de Caia, que assegura a travessia em batelões do trânsito automóvel, faz-se ainda sem constrangimentos, mas o cenário poderá mudar nos próximos dias, caso se confirmem as previsões de subida das águas do Zambeze. "A água está a 50 centímetros de chegar à estrada", relatou Nuno Henriques, referido que a travessia do rio "já se faz com alguma dificuldade" dado o aumento da corrente.
Tal como em 2007, a preocupação dos responsáveis pela construção da ponte sobre o Zambeze, a obra mais emblemática em curso em Moçambique, que permitirá ligar o Norte e o Sul do país por estrada, centra-se agora nas descargas efectuadas pela barragem de Cahora Bassa, que provocam a subida acelerada do caudal do rio.
Apesar de na zona de Caia não chover "há vários dias", de acordo com o engenheiro português, as chuvas que têm caído nos países vizinhos, nomeadamente a Zâmbia e o Malauí, têm provocado o aumento do caudal de alguns dos principais afluentes do Zambeze, obrigando a aberturas sucessivas das comportas da barragem de Cahora Bassa.
Há um ano, elevadas descargas efectuadas pela barragem afectaram 285 mil pessoas, 107 mil das quais foram transferidas para centros de acomodação temporários montados em locais elevados ao longo do Vale do Zambeze.
A situação levou então as autoridades moçambicanas a colocar a zona abrangida pelo curso do rio - desde Zumbo, na fronteira com o Zimbabué, até Marromeu, distrito onde o rio desagua no Oceano Índico - em alerta vermelho e a aconselharem as populações a deslocarem-se para zonas mais elevadas.
Desde o princípio da noite de domingo, a barragem de Cahora Bassa aumentou as suas descargas de 5.100 para 6.000 metros cúbicos por segundo.
1 comentário:
OI tudo bem? quem é vc? adorei seu blog...
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