Os embaixadores de Cabo Verde e de Moçambique em Lisboa destacaram hoje a importância de Portugal na formação dos seus quadros durante uma cerimónia de boas-vindas, na Universidade Lusófona, a 40 bolseiros cabo-verdianos e moçambicanos. "Portugal tem tido um papel muito importante. São gerações e gerações de quadros cabo-verdianos que se têm formado nas universidades portuguesas", disse o embaixador de Cabo Verde, Arnaldo Ramos.
De acordo com o diplomata, a cooperação com as universidades portuguesas "é um factor importante na caminhada que Cabo Verde tem feito para o desenvolvimento e que se reflecte na recente graduação das Nações Unidas".
Desde 1 de Janeiro, Cabo Verde deixou de fazer parte do grupo dos Países Menos Avançados (PMA), a que pertencia desde 1977, para passar a ser um País de Desenvolvimento Médio. "Esta graduação desmente o 'afro-pessimismo', que considerava que África não teria hipóteses de desenvolvimento e estava condenada ao fracasso", sublinhou Arnaldo Ramos.
Por seu lado, o embaixador de Moçambique em Lisboa, Miguel Mkaima, destacou à Lusa que Portugal é um "elemento fundamental" na formação de quadros moçambicanos, nomeadamente pela facilidade da língua. Disse ainda que, no âmbito "deste mundo global, as universidades moçambicanas aproximam-se cada vez mais das universidades europeias, americanas e asiáticas".
A Universidade Lusófona deu hoje as boas-vindas aos 40 bolseiros moçambicanos e cabo-verdianos que escolheram Portugal para prosseguir os seus estudos. Bruno Moreira, cabo-verdiano, é um desses bolseiros e chegou a Lisboa com o sonho de tirar o curso de Engenharia Biotecnológica e de ajudar no desenvolvimento do seu país. "Para mim foi um factor predominante para o meu sucesso (vir estudar para Portugal) e espero que outros alunos cabo-verdianos tenham a mesma hipótese que eu", disse o estudante. "O conselho que deixo para alunos cabo-verdianos, da CPLP e dos PALOP, é que se esforcem para que possam ter uma oportunidade destas", acrescentou.
Também a moçambicana Lúcia Capitine, que vai estudar Psicologia, se mostrou muito satisfeita com a oportunidade de estudar em Portugal e, à semelhança da grande maioria dos bolseiros, não hesitou em dizer que o objectivo é regressar a Moçambique para ajudar no seu desenvolvimento.
Turismo, Arquitectura, Engenharia Informática, Engenharia Civil, Ciências Políticas, Comunicação, Marketing e Publicidade, Engenharia Biotecnológica, Psicologia e Contabilidade e Auditoria são os cursos que os 40 bolseiros vão tirar na Universidade Lusófona.
2 comentários:
Gosto desta nova máscara!
Kandandu
Eugénio Almeida
É pouco. Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde e outros países que já foram explorados por Portugal precisam reivindicar mais. Não é possível que depois de séculos de exploração e escravização do povo africano Portugal se limite a conceder 'algumas' bolsas de estudo.
Já escrevi sobre isso em alguns blogs e vou repetir (veja mais em). O ouro e a prata extraídos dos continentes africano e sulamericano contruíu o império português e ornamentou as damas que desfilam em Lisboa arrotando arrogância e desprezo às vidas miseráveis de ambos os continentes (no caso sulamericano, me refiro ao Brasil).
Os países de língua portuguesa na África devem ter um sistema de educação próprio que sejam capazes de atender as necessidades que a atualidade exige. Os recursos para a construção da estrutura escolar deveria ser concedido pelo governo português, assim como bolsas de estudo suficientes para a formação de um corpo docente capaz de suprir as carências educacionais destes países.
Outra coisa muito importante é a construção de uma identidade que Portugal não permitiu aos países explorados enquanto esteve sob o seu domínio. Assim foi com o Brasil que durante muitos anos ficamos exaltando 'feitos heróicos' de portugueses, enquanto o povo nativo desta terra teve a sua história deresistência e lutas contra a opressão apagada pelos 'amigos da coroa'.
Hoje estamos rediscutindo esse processo histórico e redescobrindo homens e mulheres que foram verdadeiramente importantes para a construção da nossa identidade, pela nação que somos e pela descoberta da nossa capacidade. Quanto aos portugueses, lamentamos que toda a riqueza expropriada de nossa terra tenha deixado Portugal mais rico enquanto amargávamos a posição de país de terceiro mundo.
Rildo Ferreira, do Brasil.
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