Três pessoas morreram por afogamento no distrito de Nhamantanda, na província de Sofala, na sequência das cheias que já atingiram 8.000 pessoas e destruíram 21.000 hectares de culturas na zona centro de Moçambique.
O governador de Sofala, Alberto Vaquina, afirmou hoje que duas crianças morreram por afogamento, enquanto um adolescente foi arrastado pelas águas no distrito de Nhamatanda, onde aproximadamente 2.200 famílias foram atingidas pelas inundações e 600 casas destruídas parcial ou totalmente.
Vaquina descreveu a situação como "crítica", pois, disse, várias infra-estruturas estão submersas e há a iminência de, nos próximos dias, as águas do rio Púnguè destruírem algumas vias de acesso que ligam as diferentes regiões da província de Sofala.
No entanto, o governador de Sofala assegurou que diversas comunidades estão a ser transferidas para zonas seguras. Segundo a Rádio Moçambique, cerca de 7.000 pessoas do distrito de Machanga, uma das regiões afectadas pelas chuvas, necessitam de 8.000 toneladas de alimentos devido à destruição de culturas diversas na zona.
Quarta-feira, o director do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Paulo Zucula, disse que as bacias hidrográficas dos rios Zambeze, Púnguè, Buzi e Save ultrapassaram os níveis de alerta e estimou em 25.000 o número de pessoas que serão afectadas pelas inundações.
Desde o início de Dezembro, mais de uma centena de famílias foram desalojadas após as descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa e da queda de chuvas no Zimbabué e Malawi, países vizinhos de Moçambique.
Também quarta-feira, o director do INGC afirmou que os rios de Moçambique "estão acima do nível crítico", acrescentando que, nalguns deles, "há uma situação clara de inundações". Exemplificando, apontou que o nível do rio Save - que nasce no Zimbabué, corre para sul e depois atravessa Moçambique de oeste para leste, desaguando no Oceano Índico - viu o seu caudal subir mais de sete metros, contra os 5,5 metros que são considerados normais.
O rio Buzi também transbordou inundando Govuro e Machanga, na província de Sofala, distritos que ficaram sem comunicação com o resto do país, situação que forçou a retirada da maior parte da população, que se albergou nas escolas e igrejas.
O Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique admitiu hoje a ocorrência de mais chuvas nos próximos dias na zona centro e nos países vizinhos, onde nascem alguns dos rios, cujos caudais já ultrapassaram os níveis considerados de alerta, culminando em cheias no centro do país.
As previsões meteorológicas apontam para a possibilidade de o rio Zambeze também transbordar durante o mês de Janeiro. O director do INGC previu três cenários para os próximos meses: o pior, que poderá atingir um milhão de pessoas em toda a zona centro do país e parte da região sul, o médio, afectando um máximo de 700.000 pessoas, e o ideal, aliás, um cenário que se repete todos os anos, que eventualmente atingirá 50.000 moçambicanos.
Além dos distritos e vilas do centro do país que estão isolados, estima-se que, pelo menos 42.000 pessoas estejam em risco por ainda se encontrarem nas ilhas e nas margens nas províncias da Zambézia, Sofala e Manica.
O INGC pretende que, até ao final deste ano, mais de 30 mil pessoas residentes nas ilhas e nas zonas baixas da região do Vale do Zambeze se instalem definitivamente nos centros de realojamento criados em Janeiro de 2007.
O Governo moçambicano estimou em 20,4 milhões de euros o valor necessário para um plano de emergência destinado a apoiar os afectados pelas cheias e ciclones que se prevê que ocorram entre os meses de Janeiro e Março deste ano.
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